Mediação de histórias em quadrinhos com personagem negro: uma análise de Lúcio do autor Ziraldo

Resumo

A principal característica das Histórias em quadrinhos (HQs) é ser composta de narrativas sequenciais com textos e imagens (cores, palavras, onomatopeias, balões, gestos, traços em movimento etc.). Inicialmente as HQs eram publicadas no formato impresso e no Brasil, entre as crianças, ficou conhecida como “gibis” que elas gostavam de colecionar. Na atualidade tem recebido outros nomes, formatos, diversidade nas temáticas, transmutação do papel para telas e telões. No passado não foi bem-vinda na escola, pois sua presença causava estranheza, chegou a ser proibida e tratada como subliteratura. A sua importância na formação do leitor se expandiu por insistência de profissionais antenados e conhecedores do universo infantil. Para os procedimentos metodológicos serão utilizados, após a revisão de literatura, a pesquisa documental, nesse caso um Almanaque Maluquinho do Ziraldo, intitulado 'Lúcio e os livros'. Lúcio é um menino negro que integra o universo da Turma do menino maluquinho. No livro há sete histórias, mas comporão a análise apenas cinco histórias. As primeiras conclusões apontam que, apesar do Lúcio não ser o principal protagonista da Turma, é o personagem mais inteligente e dedicado aos estudos. Essa representação de um menino negro e intelectual pode ser considerada um marco importante na formação antirracista dos pequenos leitores, pois as características de Lúcio fogem de estereótipos como: jogador de futebol, sambista, entre outros. O fato de apresentar aos leitores um menino negro, por meio de uma figura sábia, contribui para a real diversidade existente entre as crianças e isso poderá interferir na autoestima das crianças de diferentes etnias por elas se sentirem representadas. Essa também é uma função da literatura que deve ser plural e dos mediadores empenhados na formação dos leitores.