v. 15 (2019)
Artigos

50 tons de cinza e relacionamento abusivo: um olhar do cárcere

Raquel Gonçalves da Silva de Araujo Fernandes
Universidade Federal de Sergipe.
Biografia
Camila Conceição Barreto Vieira
Universidade Federal de Sergipe.
Biografia
Paulo Roberto Fernandes Junior
Universidade Federal de Sergipe.
Biografia
Germana Gonçalves de Araujo
Universidade Federal de Sergipe.
Biografia

Publicado 24-12-2019

Palavras-chave

  • Biblioteca prisional. Mediação Cultural. Empoderamento feminino

Como Citar

Fernandes, R. G. da S. de A., Vieira, C. C. B., Fernandes Junior, P. R., & Araujo, G. G. de. (2019). 50 tons de cinza e relacionamento abusivo: um olhar do cárcere. Revista Brasileira De Biblioteconomia E Documentação, 15, 390–405. Recuperado de https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/1344

Resumo

Este artigo apresenta mediações realizadas por profissionais da biblioteconomia com foco no desenvolvimento da leitura crítica junto a mulheres em situação de cárcere. Em pesquisa de natureza imersiva, foi possível desenvolver ações socioculturais, utilizando bens letrados de informação com as internas do PREFEM/SE dentro da biblioteca dessa unidade prisional. Surge, então, o Clube do Livro, projeto realizado concomitantemente ao processo de organização do acervo da biblioteca desse presídio feminino. Nesse processo e em uma abordagem metodológica descritiva adquiriu-se a prática de diálogo com as internas, sendo possível compreender acontecimentos da vida real que elas aproximavam das histórias encontradas em livros. Dessa forma, por meio da relação entre a fantasia e a realidade, identificou-se o bestseller “50 tons de cinza”, da autora E. L. James, como um dos títulos mais consumidos pelas presidiárias. Essa obra, julgada pelas internas como um romance com traços de erotismo, foi peça fundamental para se tratar de temas recorrentes na vida daquelas mulheres, tais como: a violência doméstica e o relacionamento abusivo. Em um dos encontros do Clube do Livro, esse bestseller foi reinterpretado e situações anteriormente naturalizadas por elas, como ciúme excessivo, foram diferentemente qualificadas, a partir da leitura crítica, como sendo atitudes tóxicas